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Mata Atlântica perde 2,4 milhões de hectares em 40 anos

© Fernando Frazão/Agência Brasil
Metade do desmatamento atinge florestas maduras do bioma
Rafael Cardoso – Repórter da Agência Brasil

A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta, perdeu 2,4 milhões de hectares de florestas nas últimas quatro décadas — o equivalente a 8,1% da área total registrada em 1985.

O dado é do MapBiomas, divulgado nesta segunda-feira, dia 27, e confirma que o bioma mais degradado do Brasil mantém apenas 31% de sua vegetação natural.

Segundo os pesquisadores, metade do desmatamento recente ocorreu em áreas com mais de 40 anos — florestas maduras, essenciais para o equilíbrio climático, o armazenamento de carbono e a preservação da biodiversidade.

Desde o início da colonização, a Mata Atlântica vem cedendo espaço para as atividades humanas. Em 1985, o bioma já havia preservado apenas 27% de sua área florestal original.

“A vegetação natural foi substituída para abrir espaço à agricultura e à urbanização. Depois da promulgação da Lei da Mata Atlântica, houve uma leve recuperação em algumas áreas, mas o ritmo de destruição segue alto”, explica Natália Crusco, da equipe do MapBiomas.

Desde 1985, a área agrícola quase dobrou, ocupando atualmente 33% da produção nacional dentro do bioma. O crescimento de lavouras como soja (343%), cana-de-açúcar (256%) e café (105%) ampliou a pressão sobre as áreas nativas, enquanto as pastagens perderam 8,5 milhões de hectares no período.

A silvicultura — cultivo comercial de árvores — também avançou. Em 40 anos, a atividade quintuplicou de área, representando hoje mais da metade de toda a silvicultura do país.

O crescimento urbano duplicou desde 1985. Hoje, três em cada quatro municípios (77%) da Mata Atlântica expandiram suas áreas urbanizadas.
Mais de 80% desses municípios ainda têm cidades pequenas, com menos de mil hectares urbanizados.
As exceções são as capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, que ultrapassam 30 mil hectares cada.

Mesmo com a redução no ritmo de desmatamento, o estudo aponta que, nos últimos cinco anos, ainda se perderam em média 190 mil hectares de floresta por ano.

Cerca da metade dessas perdas atinge florestas maduras, que armazenam grande parte do carbono da Mata Atlântica e garantem serviços ecossistêmicos vitais, como regulação climática e proteção de mananciais.

A recuperação da vegetação nativa é essencial para reduzir os impactos das mudanças climáticas, proteger a fauna e manter o abastecimento de água em grandes centros urbanos.

Iniciativas de restauração ecológica e o cumprimento rigoroso da Lei da Mata Atlântica são caminhos apontados pelos especialistas para reverter o cenário.

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