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Entidades condenam agressões e censura a jornalistas em audiência no Senado

© Pedro Rafael/Agência Brasil

A violência contra jornalistas na Câmara dos Deputados voltou ao centro do debate nacional. Entidades representativas participaram, nesta quinta-feira, dia 11, de uma audiência no Senado para denunciar agressões físicas, censura e violação do direito à informação.
O encontro respondeu ao episódio de terça-feira (9), quando policiais legislativos empurraram e atingiram profissionais de imprensa durante a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) do plenário.

O caso também envolveu a interrupção do sinal da TV Câmara e a expulsão de repórteres do local, fato classificado pelas entidades como censura e ataque direto à liberdade de imprensa.

A audiência foi convocada pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que abriu a sessão afirmando ter ficado “chocado” ao assistir às agressões.
“Minha solidariedade a todos os profissionais de imprensa”, disse o parlamentar, único representante do Congresso a falar na reunião.

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Octávio Costa, informou que a entidade acionou a Procuradoria-Geral da República. A ABI pede responsabilização do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por crime de responsabilidade devido à interrupção do trabalho jornalístico.

“Isso não pode ficar impune. Não queremos só explicação, queremos punição”, afirmou Costa. Ele adiantou que novas representações serão enviadas à Comissão de Direitos Humanos, à Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Comissão de Ética da Câmara.

Violência e banalização do cerceamento

A coordenadora da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Bia Barbosa, apontou que o episódio é resultado da “banalização da violência contra jornalistas” no país.
Segundo ela, ataques à imprensa cresceram de forma intensa nos últimos anos e continuam mesmo após mudanças no cenário político.

“A naturalização desse cerceamento não desapareceu. Ele continua se espalhando”, explicou.

A presidente da Abraji, Kátia Brembatti, destacou que o ambiente para o trabalho jornalístico se tornou mais hostil. Ela citou não só agressões físicas e verbais, mas também o chamado assédio judicial — quando processos são usados para intimidar profissionais.

Hoje, segundo a Abraji, existem 654 processos desse tipo no Brasil.
“Eles sufocam financeiramente, criam autocensura e prejudicam a sociedade, que deixa de ser informada”, afirmou.

A presidente da Fenaj, Samira Cunha, lembrou que o Relatório Anual da entidade registrou 144 casos de violência contra jornalistas em 2024.
Para ela, impedir o trabalho da imprensa — seja por agressão, ameaça ou censura — compromete diretamente o direito à informação no país.

“É injustificável que um Estado democrático permita qualquer forma de violência contra comunicadores”, afirmou.

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