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Austrália promete endurecer leis de armas após ataque em Sydney

Australianos se reúnem perto da praia de Bondi para prestar homenagem às vítimas do ataque a tiros que deixou 15 mortos no domingo, 14 Foto: Saeed Khan/AFP
O governo da Austrália anunciou nesta segunda-feira, dia 15, que vai endurecer a legislação sobre armas de fogo. A decisão ocorre um dia após o pior ataque a tiros no país em quase 30 anos.
O atentado aconteceu durante uma celebração judaica na praia de Bondi, em Sydney. Quinze pessoas morreram no local. Os atiradores eram pai e filho, segundo a polícia.
O caso levantou questionamentos sobre as leis australianas de controle de armas, consideradas entre as mais rígidas do mundo.
De acordo com a polícia, o suspeito mais velho possuía licença para armas de fogo desde 2015 e tinha seis armas registradas em seu nome.
Governo anuncia mudanças na legislação
O primeiro-ministro Anthony Albanese afirmou que o gabinete concordou em endurecer as regras atuais e avançar na criação de um registro nacional de armas de fogo.
Entre as medidas propostas estão a restrição de licenças sem prazo determinado, a limitação do número de armas por pessoa e a definição mais clara dos tipos de armas permitidas por lei.
O governo também pretende estabelecer critérios mais rigorosos para a validade das autorizações, que passariam a ser restritas a cidadãos australianos.
“As situações das pessoas podem mudar”, disse Albanese. “As pessoas podem se radicalizar ao longo do tempo. Licenças não devem ser perpétuas.”
Segundo a polícia, o pai, de 50 anos, foi morto no local. Com isso, o número total de mortos subiu para 16. O filho, de 24 anos, segue internado em estado crítico. As identidades não foram oficialmente divulgadas.
O comissário da Polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, afirmou que as autoridades trabalham para entender o histórico dos suspeitos.
O ministro do Interior, Tony Burke, disse que o pai chegou à Austrália em 1998, com visto de estudante. O filho é cidadão australiano nato.
A emissora ABC e outros veículos identificaram os homens como Sajid Akram e Naveed Akram. Duas bandeiras do grupo Estado Islâmico teriam sido encontradas no veículo dos atiradores, segundo a ABC News, sem citação de fonte oficial.
Vítimas, pânico e atos de coragem
As vítimas tinham entre 10 e 87 anos. Pelo menos uma criança morreu. Um cidadão israelense está entre os mortos. Dos cerca de 40 feridos, dois policiais permanecem em estado grave, porém estável.
Vídeos que circularam nas redes sociais mostram centenas de pessoas correndo em pânico na praia, uma das mais conhecidas do mundo.
Uma gravação mostra um dos atiradores sendo imobilizado por Ahmed al Ahmed, que conseguiu desarmá-lo. Ele foi baleado duas vezes, passou por cirurgia e foi chamado de herói pelo primeiro-ministro. Uma campanha arrecadou US$ 665 mil para ajudá-lo.
Moradores e autoridades prestaram homenagens às vítimas em um memorial improvisado em Bondi, com flores e bandeiras de Israel e da Austrália.
“O que vimos foi um ato de pura maldade, um ato de antissemitismo e de terrorismo”, disse Albanese. “A comunidade judaica está sofrendo hoje. Todos os australianos dizem: estamos com vocês.”
Líderes mundiais, como Donald Trump e Emmanuel Macron, enviaram condolências. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que já havia alertado sobre o crescimento do antissemitismo no país.
Tiroteios em massa são raros na Austrália. O ataque em Bondi foi o mais grave desde 1996, quando 35 pessoas morreram em Port Arthur.
A comunidade judaica soma cerca de 150 mil pessoas no país, sendo aproximadamente um terço concentrado em Sydney.


