Opnião

Você não viu, Chernobil?!

Cara leitora, caro leitor, no final do século XIX, mais exatamente no ano de 1898, o casal Pierre e Marie Curie apresentavam à França e ao mundo a descoberta de dois novos elementos: o rádio e o polônio.

Tal descoberta era uma verdadeira revolução da ciência. É claro que na cabeça deles, só havia o bem a ser feito com esses novos elementos e a possibilidade de uso deles. Mas, na história da humanidade, quase sempre uma descoberta vem a ser usada contra ela mesma.

Basta lembrarmos da pólvora, por exemplo, e seu uso bélico que até hoje mata vidas de uma maneira muito fácil, com o aperto de um gatilho ou de um botão. E não foi diferente no caso dos elementos descobertos.

Em 1945, duas bombas atômicas assombraram o Japão e a Terra e ainda 41 anos depois, quase no final do século XX, um desastre em uma usina nuclear em Chernobil, na Ucrânia, mostrava o quanto a vida é frágil perante uma radiação, perante o poder do próprio homem de poder matar.

Aliás, por falar em Chernobyl, recentemente uma série retratando o desastre nuclear de Chernobil fez muito sucesso nas plataformas de transmissão. Eu estive lá recentemente, visitando como turista a zona e a hoje cidade fantasma de Pripiat. Para um sociólogo, foi um pulo no tempo impressionante. A União Soviética ainda estava de pé, e o ano era 1986, alguns dias antes da comemoração do 1º de maio.

A população da cidade de Pripiat se preparava para mais um grandioso feriado, a maior comemoração do trabalhador naquela época soviética, quando uma falha em um dos reatores provocou o acidente. Para especialistas, a causa do desastre foi uma combinação de falhas mecânicas e humanas, cujo resultado espalhou alta dose de radiação não só na região inteira, mas também, através das correntes de vento, na Suécia, Finlândia e em outros países da Europa. Por ainda quase dois dias, a população da cidade e entorno continuou a viver sem saber do acontecido. Mas, tardiamente, toda a região teve de ser evacuada.

Foram quase 50.000 pessoas deixando seus apartamentos e casas, tendo recebido muita radiação. Alguns sentiam gosto de metal na boca, outros vomitavam, outros sentiam dor de cabeça. A questão que se travava era como estancar o vazamento de radiação. Foi com a ajuda de soldados e mineiros da região que se conseguiu, após 6 meses, algum sucesso, mas cujos esforços continuam até hoje, 35 anos depois.

Fora um marco para a humanidade. Negativo, é verdade. As usinas nucleares precisavam deixar de existir. A vida deveria estar em primeiro lugar. A União Soviética dava seus últimos respiros. A vida de milhares de pessoas fora afetada. O ser humano se dobrava ao seu próprio poder: a radiação daquele poder de morte era mais alta que as bombas de Hiroshima e Nagasaki juntas.

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