Opnião

Antes que seja tarde…

Na semana de 15 de outubro ficamos espantados pelo desabamento do edifício Andrea de sete andares na região metropolitana de Fortaleza no Estado do Ceará. Esse desastre infelizmente matou nove pessoas e, por sorte, sete foram resgatados com vida dos escombros.
O episódio de Fortaleza reforça alguns pontos que devemos nos atentar: o primeiro deve ser a diligência completa e absoluta de toda documentação de regularização do imóvel (apartamento, terreno, empreendimento) ou de qualquer bem que se deseja adquirir.
Uma vez feito isso e, caso este bem seja um imóvel, passamos para o segundo passo que é responder à seguinte pergunta: meu imóvel irá se valorizar? A resposta depende de vários fatores.
Dentre estes fatores a manutenção preventiva e, claro, a corretiva, devem ser absolutamente executadas e para isto, muitas vezes se faz necessário a postura firme de um líder, também chamado de síndico. Esta pessoa, terá responsabilidades civis e criminais representando os respectivos condôminos e o maior desafio que será a valorização do bem imobiliário comum.
Vale ressaltar aqui que são necessários habilidades de negociação, de empatia, capacitações técnicas, discernimento e pró atividade para que este representante saiba escolher seus funcionários, seus prestadores de serviços no desafio de cumprir com as atas registradas pela soberania da assembleia geral.
Aí entra a responsabilidade de todos nós: a escolha de pessoas capacitadas para a responsabilidade a qual se destina. No caso mencionado acima, a síndica do edifício solicitou, um mês antes do desabamento, um orçamento para recuperação estrutural. No dia de 19 de setembro, a vistoria técnica da empresa detectou pelo menos 135 pontos com falhas estruturais na área. E a empresa escolhida para iniciar os trabalhos de recuperação do prédio foi a que apresentou o orçamento 30% menor. Evidencio aqui que nem sempre um orçamento mais “enxuto”, ou de “menor custo” é o mais apropriado. Os riscos devem sem mensurados, e muitas vezes o tempo é o pior inimigo.
Tanto na prestação de serviço quanto na fabricação de um produto os custos que envolvem o valor final compreendem a qualidade da matéria-prima deste ou mesmo habilidade e competência dos profissionais na prestação daquele serviço.
Dessa forma, devemos exigir transparência, clareza e a ética no processo de seleção de fornecedores e na compra de produtos pelos nossos representantes. Ressalto aqui que representantes são não somente os síndicos mencionados, mas também todos os cargos eletivos que representam suas lideranças como vereadores nas Câmaras Legislativas e Prefeitos em seus gabinetes do Executivo, cuja as eleições se aproximam no próximo ano.
Depois da tragédia com Edifício Andrea, antes que seja tarde, devemos nos conscientizar e agir com responsabilidade! Não deixemos que por comodidade ou desinteresse nossos direitos sejam negligenciados. Certamente riscos poderiam ser evitados, vidas poupadas se cada um cumprir seu papel na sociedade a fim de evitar que desastres como estes possam se repetir e causar ainda mais perdas humanas.

Rafael Cossiello, Bacharel, Mestre e Doutor em Química pela UNICAMP, possui mais de 10 artigos publicados em revistas internacionais, duas patentes e participações em banca de doutorado. Empresário e presidente da AEVAL (Associação dos Empresários de Valinhos). rafael@ellopar.com.br
 

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