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Valinhense que mora na Itália fala sobre dias de quarentena

Há sete dias, a valinhense Regiane Falsarella e suas duas filhas – Martina e Vitória, de 11 e 9 anos – estão confinadas no apartamento onde vivem, localizado na região da Puglia, no sul da Itália.

Ruas desertas, escolas, bares e restaurantes fechados. Para ir ao mercado ou farmácia – únicos estabelecimentos comerciais abertos – apenas uma pessoa é autorizada a sair de casa. Ao colocar os pés para fora, luvas e máscaras são itens obrigatórios. Nos mercados, apenas duas pessoas podem entrar por vez. Ao voltar pra casa, luvas vão para o lixo e iniciam-se os procedimentos de higienização.

O decreto baixado pelo governo italiano ainda não tem data certa para acabar e, aparentemente, as medidas se tornarão ainda mais severas.

As atividades escolares foram suspensas há alguns dias e, a partir da próxima quarta-feira, dia 18, as crianças passarão a ter aulas pela Internet. “Temos pelo menos uns 20 dias pela frente ainda, mas acredito que esse número vai aumentar”, conta Regiane.

Com as crianças em casa durante 24h por dia, é preciso se reinventar: jogos de tabuleiro, filmes, desenhos, dança, música, estudos, livros, revistas…tudo é válido para fazer o tempo passar. “Até de dança das cadeiras eu brinquei esses dias. Porém, temos que ter cautela até com as brincadeiras porque como o sistema de saúde virou um caos, não podemos correr riscos de bater a cabeça ou machucar um braço, por exemplo”, diz Regiane.

De acordo com ela, centros cirúrgicos foram transformados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). “Estamos tendo grandes dificuldades aqui e não ouso imaginar como vai ser se este cenário se repetir no Brasil. Por isso, espero que meus queridos valinhenses levem as medidas de proteção a sério”, adverte.

Ex-jogadora de vôlei, Regiane conta que como estão proibidas de sair de casa, ela e algumas amigas criaram o chá da tarde virtual. “Preparamos um chá e fazemos vídeo chamadas. É uma forma de conversamos um pouco”.

Às 18h, pontualmente, o hino italiano começa a soar por todo o país. “Tem sempre alguém que coloca, ou as pessoas cantam pelas janelas”, relata a valinhense.

“Espero que as pessoas possam entender a gravidade dessa situação. Não é apenas uma gripe. O coronavírus se alastra rapidamente e estamos vendo pessoas morrerem aqui. Essa semana tivemos notícias de dois homens: um de 40 e outro de 48 anos. O segundo era um médico que contraiu a doença ao atender pacientes contaminados. É uma situação grave e muito triste”, conta.

Cartaz feito por Martina e Vitória para concurso da escola que premiará o desenho mais bonito. Mensagem significa “Tudo vai ficar bem”, tema utilizado em cartazes espalhados pelo país.

 

Números

A Itália registrou 368 novas mortes relacionadas com o novo coronavírus em 24 horas, o que eleva o número de vítimas fatais a 1.809 no país, o mais afetado da Europa, segundo um balanço divulgado neste domingo (15) pela Proteção Civil. São quase 25 mil infectados em todo o país.

No Brasil, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde no domingo, dia 15, a situação era a seguinte:

* 200 casos confirmados, eram 121 no sábado
* 1.913 suspeitos
* 1.486 casos descartados

Na região, o primeiro caso foi confirmado em Campinas na última semana. Valinhos ainda não tem casos confirmados, mas segundo último balanço, 14 suspeitas estão sendo monitoradas.

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