Alternativa

Campanha alerta sobre violência doméstica na quarentena

A Prefeitura de Valinhos e a Coordenadoria Especial de Políticas para Mulheres (CEPM) lançaram no sábado, dia 25, a campanha “A Violência contra a mulher é crime! Não se cale!”. Carros de som estão percorrendo a cidade para a prevenção e alerta sobre o aumento no número de casos de violência doméstica durante o período de isolamento social.

Na região, houve registro de sete casos de feminicídio este ano. Já o Estado de São Paulo apresentou um crescimento de 44,9% de mulheres vítimas de violência, numa comparação entre março deste ano e do ano passado, segundo o CEPM.

A campanha deve se estender até a primeira quinzena do próximo mês. “A denúncia é uma parte importante porque ela protege a mulher e também mostra para a sociedade que a violência doméstica não deve ser mais silenciada”, alertou a coordenadora geral da CEPM, a vice-prefeita Laís Helena. Ela lembrou que prevenir casos de abusos e violência é uma questão de saúde pública.

“Reforçamos que a busca por ajuda pode ser uma oportunidade tanto para a mulher como para o homem resolver, de forma ponderada e madura, os conflitos interpessoais familiares sociais”, explicou a psicóloga social, Marta Bartira Meirelles dos Santos, também da CEPM.

Segundo Marta, em decorrência da pandemia do Covid-19, o isolamento social potencializou a violência doméstica e familiar em todo o mundo, dando a sensação de impunidade pela restrição do contato entre as pessoas. Para ela, há vários fatores que contribuem com o atual cenário, como angústias sobre o coronavírus, convivência intensa e obrigatória em ambiente doméstico, estresse econômico e político.

A vice-prefeita lembrou que a violência contra a mulher ultrapassa questões de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião.

Disque 180

Faz parte da ação divulgar o Disque 180, serviço de acolhimento da violência. “A mulher pode procurar outros serviços especializados na cidade”, orientou a vice-prefeita. Entre eles, a denúncia pode ser feita pelos telefones (19) 3849-3535 e o de emergência 153, ambos da GCM (Guarda Civil Municipal), e pelo telefone da Delegacia de Polícia, o (19) 3871-2400. Todos funcionam 24 horas.

“Também podem procurar ajuda no CREAS (Centro Especializado de Assistência Social), que atende mulheres, crianças e pessoas portadoras de deficiência, vítimas de violência”, acrescentou a psicóloga social.

Estatísticas Gerais

A Polícia Militar do Estado de São Paulo registrou aumento de 44,9% de mulheres vítimas de violência doméstica, de 6.775 casos para 9.817, comparação entre março de 2019 e 2020. Os dados foram divulgados no dia 20 deste mês no Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A quantidade de feminicídios também subiu no Estado, de 13 para 19 casos (46,2%), no mesmo período.

De acordo com o Núcleo de Gênero e do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de São Paulo, em março deste ano foram decretadas 2,5 mil medidas protetivas em caráter de urgência, ante pouco mais de 1,9 mil no mês anterior, crescimento de quase 30%.

Brasil

No Brasil, a situação não é diferente. Divulgados no início de abril, os dados do Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos (MMFDH), com base no Ligue 180, mostram aumento de 9% no volume de denúncias, no comparativo com as duas últimas semanas do mês de março.

Segundo a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) do MMFDH, entre os dias 1º e 25 de março deste ano, houve crescimento de 18% no número de denúncias registradas pelos serviços Disque 100 e Ligue 180.

A conclusão do órgão é que o necessário isolamento social para o enfrentamento à pandemia escancara uma dura realidade: apesar de chefiarem 28,9 milhões de famílias, as mulheres brasileiras não estão seguras em suas casas.

Mundo

A violência contra a mulher não se restringe ao Brasil. Notícias divulgadas na mídia e relatórios de organizações internacionais apontam para o aumento desse tipo de violência. Na China, os registros policiais de violência doméstica triplicaram durante a epidemia. Na Itália, na França e na Espanha também foi observado aumento na ocorrência de violência doméstica após a implementação da quarentena domiciliar obrigatória.

Dicas de proteção

1 – Não alimente discussões em momentos estressantes. Para ajudar no controle do impulso “de querer discutir”, utilize uma técnica simples, que é o enrolar a língua para dentro da boca. Este é um recurso corporal que pode auxiliar no controle verbal.  Depois, combine com o parceiro (a) um momento do dia e um local reservado para dialogar de forma mais relaxada, madura e ponderada. Os filhos, as filhas e os familiares devem ser preservados na resolução dos conflitos.

2 – Lembre que a pandemia, as dificuldades econômicas e a convivência intensa diária, em um espaço comum, são elementos estressores para todo o grupo familiar. Refletir sobre este contexto grupal/social desgastante ajuda a colocar os pés no chão. Respire de forma consciente, vai passar!

3 – Garanta um espaço de individualidade para todos e todas da família. Cada pessoa deve ter o seu cantinho sem amolações e/ou interrupções. Todos e todas precisam ficar a sós! Isso favorece a saúde mental, em especial neste momento, temporário, de pandemia.

4 – Procure esfriar a cabeça em momentos interpessoais/grupais/sociais tensos. Por exemplo: tomar água, ouvir música, alongar o corpo, respirar conscientemente, tomar sol etc. Busque pequenas ações para evitar situações de violência cotidiana.

5 – Alimente uma base segura de afeto por meio de conversas com amigas(os) e familiares.

6 – Ligue para o Disque-180, se necessário.

7- Busque os serviços da rede de proteção às mulheres/famílias do SUAS (CRAS, CREAS), a Delegacia da Mulher, a UPA ou a GCM.

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