Alternativa

Esse tempo não volta mais

Coluna Momentos

pastor Rui Mendes Faria

Havia um tempo em que as crianças corriam descalças pelas ruas até o anoitecer, sem medo, sem pressa. O dia começava com pega-pega, depois vinha a queimada, e, exaustos, dormíamos sem precisar de telas para nos distrair. Ao acordar, lá íamos nós para a escola, onde aprendíamos com a famosa Cartilha Caminho Suave. Quem se lembra dela?

Naquele tempo, sair do quarto ano primário significava estar alfabetizado. Todos tinham que decorar a tabuada de 1 ao 10, resolver problemas matemáticos e conjugar verbos sem titubear. O ensino era rígido, mas eficaz. Ainda assim, sobrava tempo para rodar pião, soltar pipa, jogar bolinha de gude e pular amarelinha.

Não havia celular para roubar nossa atenção. Se queríamos falar com alguém, íamos ao orelhão ou escrevíamos cartas. Lembro bem da ansiedade de esperar uma resposta pelo correio e a emoção de abrir o envelope, sentindo o papel e o carinho de quem escreveu.

Nos finais de semana, a Praça Washington Luís era o ponto de encontro. Depois da igreja, era para lá que íamos nos encontrar com os amigos. O lugar fervilhava de gente, e a fonte, com suas águas coloridas, era um espetáculo à parte. Os rapazes caminhavam em uma direção, as moças em outra, num ritual quase ensaiado da juventude.

Havia sempre algo diferente para fazer. Eu gostava muito do teatro, e o Grupo Teatral Rigesiano fazia sucesso na cidade. Era um tempo de arte, cultura e encontros inesquecíveis. Além disso, os bailinhos de garagem eram uma febre. As famosas vitrolas tocadas a pilha embalavam nossos passos de dança nas noites de fim de semana.

Parece que não havia maldade. A vida era mais simples, mais leve. A gente aproveitava cada momento, sem pressa, sem distrações digitais.

E hoje? Hoje tudo mudou. Mas as lembranças continuam vivas, pulsando no coração de quem viveu aquela época.

E você, sente saudade?

Que tempo foi esse?

Um tempo que não volta mais.

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