Alternativa

A culpa, quando não admitida, é um ácido corrosivo que destrói lentamente a mente e o corpo

Coluna Momentos

por pastor Rui Mendes Faria

Ele se sentou do lado dela no sofá naquela noite chuvosa. O coração dele estava em pedaços. “Me perdoa! Eu errei!” ele disse baixinho, com lágrimas nos olhos. Dois dias antes, ele perdeu a calma e gritou com ela na frente das crianças. Ele achava que estava com a razão, mas, mesmo que estivesse, nada justificaria falar aquele monte de lixo para a mulher da vida dele na frente dos seus tesouros mais preciosos. Ele até havia forçado uma conversa com ela como se nada tivesse acontecido. Mas ele via nos olhos dela, não raiva ou ira, mas uma tristeza profunda de um coração partido. “Eu amo você! Você sabe disso, mas eu sou egoísta. Eu errei e preciso de ajuda… preciso de perdão”.

Demorou para fechar a ferida no coração dela, mas aquela dura experiência foi o primeiro passo para a restauração de um casamento que estava a ponto de fracassar.
Essa história verdadeira é um claro exemplo de que a culpa surge do erro. É tanto uma situação de alguém que faz alguma coisa errada, como um sentimento que acusa uma consciência suja. Também é uma condição jurídica e moral de alguém que comete um crime.

A culpa pode ser positiva, pois pode ensinar o culpado. Quando um garotinho de 8 anos derruba o seu copo de água sobre o prato cheio de comida, depois de ter sido alertado pelo pai, e o prato transborda sobre o uniforme que o pai já havia pedido para tirar, a culpa que ele sente lhe mostra que foi muito errado desobedecer. Assim, ele aprende que obedecer é o certo a fazer, e pode livrá-lo da bronca e do castigo! Logo, na medida certa, a culpa pode ser uma boa ferramenta para ensinar tanto o adulto quanto a criança “no caminho em que deve andar”.

Mas, acredite, a culpa também é terrivelmente destruidora. Ela corrói a alma.

Não importa a infração: pode ser um papelote de cocaína, um site pornográfico, um relatório financeiro adulterado, um olhar proibido, uma carícia proibida, uma conversa indiscreta no WhatsApp, aquela fofoquinha ou uma palavra “atravessada” para quem você ama. Qualquer erro que você faça, grande ou pequeno, vai gerar o sentimento de culpa, porque você sabe que não deveria ter feito isso. Se a culpa leva você a um arrependimento genuíno, glórias a Deus! Mas, geralmente não é isso que acontece. O ser humano, em sua tolice exacerbada, força os limites da consciência. É aqui que a culpa começa a nos corroer de dentro para fora.

Pode ser que você finja que nada aconteceu. Você se ocupa de outras atividades esperando que o tempo varra a sujeira para baixo do tapete da alma. Às vezes, você tenta compensar o peso na sua consciência por um ato de bondade por alguém que você magoou, ou até mesmo por uma “boa obra” de caridade, como se isso pudesse compensar o saldo negativo na conta da vida. Mas, o problema é que a sujeira está lá, e a culpa sempre volta para atormentar a sua memória.

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