Saúde

Unaids diz que combate a desigualdades pode reduzir pandemias

© Leo Rodrigues/EBC
Doenças alimentam ciclo que se repetiu em crises como a da Covid-19
Guilherme Jeronymo, Repórter da Agência Brasil

A desigualdade social é um dos principais fatores que alimentam pandemias.
O alerta está em um novo relatório internacional lançado nesta semana.

O documento foi divulgado em português pelo Conselho Global sobre Desigualdades, Aids e Pandemias.
A apresentação ocorreu durante a 57ª Reunião da Junta de Coordenação do Unaids.

O estudo chega em um momento decisivo.
O encontro define a estratégia global contra a Aids para o período 2026–2031.

O Brasil ocupa a presidência do Unaids, agência da ONU dedicada ao combate ao HIV/Aids.
Segundo a entidade, o cenário atual é preocupante.

Houve redução abrupta da assistência internacional.
Cortes promovidos pelo governo dos Estados Unidos afetaram o financiamento global.

Essas mudanças impactam ações de prevenção, tratamento e pesquisa.
O risco é o enfraquecimento da resposta mundial à Aids.

Desigualdade é uma escolha política, afirma conselho

Para o Conselho Global, a desigualdade não é inevitável.
Ela resulta de decisões políticas.

“A desigualdade não é inevitável. É uma escolha política — e uma escolha perigosa”, afirmou Monica Geingos, ex-primeira-dama da Namíbia e integrante do conselho.

Segundo ela, quem se preocupa com pandemias precisa enfrentar a desigualdade.
O relatório apresenta soluções políticas para romper esse ciclo.

Ciclo vicioso entre desigualdade e pandemias

O estudo reúne dados de dois anos de pesquisas internacionais.
Ele mostra que desigualdade e pandemias se reforçam mutuamente.

Altos níveis de desigualdade facilitam surtos.
Também dificultam respostas nacionais e globais.

Como resultado, pandemias se tornam mais longas e letais.
O padrão já foi observado na Covid-19, Aids, Ebola, Influenza e Mpox.

Pandemias ampliam vulnerabilidades sociais

O relatório destaca que pandemias aumentam a desigualdade.
O risco de morte é maior em sociedades mais desiguais.

A redução da pobreza, por outro lado, fortalece a resiliência das comunidades.
Isso ajuda a conter epidemias e novas crises sanitárias.

Nos últimos cinco anos, essas diferenças se aprofundaram.
Principalmente entre países ricos e pobres.

Acesso a novas tecnologias ainda é desigual

O estudo cita novas tecnologias de saúde.
Entre elas, injeções de longa duração para prevenção do HIV.

Apesar do avanço científico, o acesso continua desigual.
A condição econômica ainda define quem recebe essas inovações.

Segundo o relatório, atrasos no combate às pandemias ampliam danos.
Quanto mais demora, maior o impacto no desenvolvimento dos países.

Doenças persistentes seguem como ameaça global

A desigualdade enfraquece a capacidade de resposta mundial.
Isso mantém doenças graves em circulação.

A Aids, a malária e a tuberculose seguem entre as maiores ameaças.
O relatório alerta para o risco de novas pandemias.

Para o conselho, o ciclo pode ser interrompido.
Mas exige uma nova abordagem de segurança sanitária global.

O documento propõe uma estratégia baseada em Prevenção, Preparação e Resposta (PPR).
São quatro recomendações principais.

A primeira é reorganizar o sistema financeiro global.
Inclui renegociação de dívidas e revisão de políticas de austeridade.

A segunda propõe investir em proteção social.
O foco são os determinantes sociais das pandemias.

Produção local e cooperação global são essenciais

A terceira recomendação é fortalecer a produção local e regional.
Também propõe nova governança em pesquisa e desenvolvimento.

O compartilhamento de tecnologias deve ser tratado como bem público.
Isso é considerado essencial para enfrentar pandemias.

Por fim, o relatório defende mais confiança e equidade.
A proposta envolve redes de governança entre governos e sociedade civil.

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