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Governo proíbe linguagem neutra em documentos oficiais no Brasil

A regra também impacta servidores que produzem textos oficiais diariamente. O governo promete abrir canais de capacitação e materiais de apoio para orientar as equipes
A comunicação oficial do país passa por uma mudança significativa. O governo federal sancionou a Lei 15.263/2025, que proíbe o uso de linguagem neutra em documentos direcionados ao cidadão. A medida, publicada no Diário Oficial da União em 17 de novembro, estabelece novas regras para tornar a redação pública mais clara e acessível.
A partir de agora, textos oficiais não poderão usar variações de gênero ou número fora da norma-padrão. Isso inclui formas como “todes”, “amigues”, ou o uso de “x”, “e” e “@” no lugar das terminações tradicionais. Também ficam vetados pronomes como “elu” e “delu”, usados para pessoas não binárias. Segundo o governo, o objetivo é garantir compreensão ampla e padronização linguística em todo o setor público.
A nova lei integra a Política Nacional de Linguagem Simples, que orienta órgãos públicos a redigir documentos com frases curtas, diretas e acessíveis. A proposta segue tendências internacionais de comunicação cidadã, que buscam reduzir barreiras entre governo e população.
Segundo o texto, a linguagem deve respeitar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) e as regras do Acordo Ortográfico, garantindo uniformidade entre União, estados, municípios e o Distrito Federal.
A política estabelece padrões para melhorar a clareza das informações emitidas pelo poder público. Entre as principais diretrizes estão:
✔ Frases curtas e ordem direta
Priorizar estruturas simples ajuda na leitura e reduz ambiguidades.
✔ Uso de palavras comuns
Termos técnicos devem ser explicados sempre que aparecerem. Jargões e estrangeirismos fora do uso cotidiano devem ser evitados.
✔ Informação importante sempre no início
A lei recomenda começar o texto pelo dado mais relevante, facilitando o entendimento imediato.
✔ Acessibilidade para pessoas com deficiência (PCD)
A redação deve atender critérios de acessibilidade comunicacional.
Essas regras passam a valer para todos os Três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — em todas as esferas de governo.
A medida não surge isolada. A Academia Brasileira de Letras (ABL) já havia se manifestado contra o uso da linguagem neutra em contextos oficiais. Para a entidade, documentos públicos precisam seguir “as normas oficiais vigentes”.
O Supremo Tribunal Federal (STF) também já havia derrubado leis municipais e estaduais que tentavam regular o ensino e o uso da linguagem neutra em escolas. O Tribunal definiu que a competência para editar normas curriculares é da União, reforçando a necessidade de uniformidade nacional.
O que muda na prática?
Com a lei, todos os órgãos públicos devem adaptar:
manuais internos
formulários e portarias
mensagens ao cidadão
conteúdos digitais
documentos administrativos e informativos
A regra também impacta servidores que produzem textos oficiais diariamente. O governo promete abrir canais de capacitação e materiais de apoio para orientar as equipes.


