Brasil e Mundo

Trump defende príncipe saudita e minimiza assassinato de Khashoggi

Donald Trump recebe Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, na Casa Branca  • UNRESTRICTED POOL

Analistas avaliam que a visita tenta reposicionar a Arábia Saudita no tabuleiro geopolítico. No entanto, a normalização de relações com Israel — ponto central da agenda — parece distante

Em uma recepção marcada por pompa e polêmica, Donald Trump recebeu Mohammed bin Salman na Casa Branca, nesta terça-feira, dia 18,  e afirmou que o príncipe saudita “não sabia de nada” sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. A declaração contradiz relatórios da CIA e reacendeu críticas internacionais.

A visita marcou o retorno de MBS ao cenário diplomático americano após anos de isolamento desde a morte do colunista do Washington Post, em 2018. Mesmo assim, Trump elogiou o príncipe e disse estar “orgulhoso” de seu desempenho em direitos humanos.

A CIA concluiu que Mohammed bin Salman ordenou o assassinato ocorrido no consulado saudita em Istambul. Khashoggi era crítico do governo saudita e desapareceu após entrar no edifício para obter documentos.

Trump, no entanto, voltou a defender MBS:

“Gostando ou não, as coisas acontecem. Ele não sabia de nada disso”, disse Trump.

A fala gerou reação imediata de entidades e da viúva de Khashoggi, Hanan Elatr, que afirmou que “não há justificativa para assassinar meu marido”.

O evento incluiu:

  • sobrevoo de caças furtivos;

  • escolta a cavalo;

  • caminhada privativa pelo Jardim das Rosas;

  • jantar oficial comemorativo.

A agenda reforçou a tentativa de reaproximação diplomática. Segundo a Casa Branca, os dois líderes devem firmar acordos nas áreas de:

  • energia nuclear civil;

  • defesa e venda de F-35;

  • investimentos sauditas em infraestrutura de inteligência artificial nos EUA.

Trump também anunciou a designação da Arábia Saudita como Aliado Importante Não-OTAN, status que facilita cooperação militar, mas não implica compromisso de defesa.

Analistas avaliam que a visita tenta reposicionar a Arábia Saudita no tabuleiro geopolítico. No entanto, a normalização de relações com Israel — ponto central da agenda — parece distante.

Especialistas afirmam que qualquer acordo exigiria um compromisso israelense com a criação de um Estado palestino, algo que o governo israelense rejeita publicamente.

Organizações internacionais ressaltam que o país vive:

  • aumento recorde de execuções (241 até agosto de 2025, segundo a Human Rights Watch);

  • restrições persistentes à participação política;

  • denúncias de repressão interna.

Trump foi criticado pela proximidade com o reino, já que empresas ligadas à família Trump mantêm negócios com investidores sauditas, incluindo torneios do LIV Golf e potenciais acordos imobiliários.

A visita sinaliza o retorno de MBS ao centro da diplomacia global e indica que os EUA podem ampliar a cooperação com o reino mesmo diante de investigações e críticas internacionais.

O caso também reacende o debate sobre:

  • segurança para jornalistas;

  • limites éticos na política externa;

  • influência de interesses econômicos nas relações diplomáticas

COMPARTILHE NAS REDES