Brasil e Mundo

Inep anula três questões após suspeita de vazamento nas redes

O Enem 2025 voltou ao centro das atenções. O Inep confirmou a anulação de três questões da prova após identificar similaridades com conteúdos divulgados nas redes sociais. A Polícia Federal já foi acionada para investigar o caso.

A informação foi divulgada nesta terça-feira, dia 18, após candidatos relatarem que um professor teria “previsto” itens aplicados no exame realizado no domingo, dia 16.

Segundo o Inep, os itens anulados apresentaram “similaridades pontuais” com perguntas mostradas em vídeos e PDFs que circulavam na internet. A autarquia reforçou que nenhuma questão era idêntica, mas as semelhanças foram consideradas suficientes para comprometer a validade dos itens.

A decisão foi tomada pela comissão assessora responsável pela montagem das provas.

Os relatos começaram após o professor Edcley S. Teixeira, do Ceará, divulgar materiais de estudo contendo perguntas muito parecidas com as aplicadas no Enem. Ele também vende monitorias e mostra em suas redes como utiliza um método que chama de “engenharia reversa” para prever conteúdos da prova.

Em uma live feita em 11 de novembro, assistida por 40 mil pessoas, o professor apresentou 90 questões. Pelo menos quatro delas eram muito similares às aplicadas no exame oficial.

Um dos exemplos mais citados é uma questão de Matemática sobre uma compra parcelada de R$ 60 mil, praticamente igual à questão 178 da prova amarela.

Teixeira afirma que participou do Prêmio Capes Talento Universitário, uma avaliação aplicada pelo MEC. Segundo ele, algumas questões do teste têm perfil parecido com o Enem, o que teria permitido memorizar estruturas de itens.

Fontes ouvidas pelo Estadão confirmam que a prova da Capes usa questões de pré-testes do Enem, parte essencial do modelo TRI — uma metodologia que exige que itens sejam testados antes de integrarem a prova oficial.

Essa informação, no entanto, deveria ser sigilosa.

A Teoria da Resposta ao Item (TRI) é o sistema que calcula as notas do Enem.
Ela exige que cada pergunta passe por testes prévios com grupos de estudantes.

Esses itens podem aparecer futuramente em edições do Enem — o que abre margem para que pessoas que participaram de pré-testes tenham contato prévio com conteúdos semelhantes.

O Inep reforça que todos os protocolos de segurança foram seguidos.

O Inep informou que acionou a Polícia Federal para investigar:

  • possíveis quebras de sigilo

  • autoria de eventuais vazamentos

  • divulgação indevida de itens sigilosos

  • atos de má-fé relacionados ao exame

Se confirmada a infração, os envolvidos podem responder civil e criminalmente.

COMPARTILHE NAS REDES