Economia
Cresce o número de mulheres motoristas de aplicativo

Modelo de trabalho é visto como oportunidade de reorganizar a vida, garantindo independência e segurança financeira
O trabalho como motorista de aplicativo vem ganhando cada vez mais rostos femininos no país. Entre 2022 e 2024, o número de profissionais cresceu 35%, chegando a 1,7 milhão de pessoas que fazem dessa atividade sua principal fonte de renda, segundo o IBGE. Entre elas, mulheres que encontraram no volante uma forma de autonomia, reorganização da vida e segurança financeira.
Apesar da flexibilidade, a rotina exige disciplina. Acordar cedo, cuidar da casa, ligar o aplicativo e encarar longas jornadas faz parte do cotidiano. A insegurança ao dirigir sozinha ainda é um desafio, mas tem sido enfrentado com o apoio de plataformas que priorizam respeito, acolhimento e proteção.
A rotina intensa não é novidade para Amélia Schultz. Antes motorista, ela administrava um restaurante e vivia em ritmo acelerado. A vida mudou em 2023, quando precisou passar por cirurgias para retirada de um tumor.
“Fiquei três meses sem poder sair. Estava sem rumo. Decidi recomeçar: pedi autorização médica e coloquei o carro no aplicativo”, conta.
Amélia roda cerca de 250 km por dia. Diz que recuperou a autoestima, a independência e o prazer de conversar com pessoas que, muitas vezes, compartilham histórias que inspiram.
“Trabalho mais de dez horas por dia, mas com pausas, leveza e gratidão. Dirigir me mostrou que é possível seguir em frente mesmo depois das tempestades”, afirma.
Empresas de mobilidade perceberam o potencial desse público e passaram a criar iniciativas específicas para mulheres. Um dos exemplos é a startup curitibana HOOH, que vem atraindo um número crescente de motoristas interessadas em autonomia e segurança.
Hoje, 10% dos condutores da plataforma são mulheres. Elas ficam com até 80% do valor das corridas. Para atender passageiras que preferem viajar com motoristas mulheres, a empresa lançou a categoria “Mulher”.
Segundo o CEO, Roger Duarte, ainda há muito espaço para crescer.
“No Brasil, 95% dos motoristas são homens. É um mercado pouco explorado. Criamos soluções para ampliar segurança e trazer mais mulheres para o setor”, explica.
Para Amélia, dirigir com proteção reforçada faz toda a diferença.
“Segurança é tudo. O código para iniciar a viagem me deixa tranquila. E eu escolho quem quero atender. Isso me traz confiança”, destaca.
A startup também oferece seguro 24 horas, pagamento no mesmo dia, botão SOS e ferramentas de compartilhamento de rota. O incentivo é claro: dirigir de dia e evitar áreas de risco.
Os números reforçam a prudência feminina no trânsito. No Paraná, homens se envolvem em acidentes três vezes mais que mulheres — dado que, segundo a empresa, demonstra o potencial desse mercado.


