Valinhos
Valinhos projeta safra 2025-2026 em 2,5 milhões de caixas de figo roxo

Ciclo da goiaba chega a 4 milhões de caixas de 2,5 quilos
A cada safra, Valinhos reafirma sua liderança como maior produtora de figo roxo do Brasil e consolida sua força crescente na produção de goiaba de mesa, ocupando o 2º lugar no ranking nacional da fruta in natura. Para a safra 2025-2026, a cidade estima colher 2,5 milhões de caixas de 1,6 quilo de figo roxo, o que representa cerca de 4 mil toneladas. Já a produção de goiabas deve alcançar 4 milhões de caixas de 2,5 quilos, totalizando 10 mil toneladas.
Até o final da safra, estes números podem ainda sofrer acréscimos, já que o ciclo está se iniciando, amparado em projeções.
Atualmente, Valinhos conta com cerca de 410 propriedades rurais e mais de 1,5 mil trabalhadores envolvidos diretamente na agricultura. Destas, 120 propriedades se dedicam à produção de figo e goiaba, com 40% concentradas no cultivo do figo – com previsão de aumento em até 5% na área de seu cultivo.
Do total produzido, 65% da safra de figo abastece o mercado interno, como a região, a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), além dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e outras localidades do país.
O restante é destinado à exportação, com destaque para mercados da Europa, dos Emirados Árabes Unidos, Canadá e outros, levando o nome de Valinhos e a qualidade da produção nacional para o exterior.
A exportação tem início este mês, intensificando-se em dezembro. Após este período, a produção se volta para o mercado interno.
Convencionalmente, o período de colheita de figo e goiaba vai até abril. Com o auxílio de novas técnicas de manejo e podas, Valinhos tem produzido durante todo o ano, ampliando a competitividade e o fornecimento contínuo. Outro fator que favorece é a mecanização do campo, com o investimento em maquinário.
No início da safra, a Secretaria do Verde e da Agricultura acompanhou os produtores em reuniões de mediação e orientação técnica, ouvindo as demandas do campo e oferecendo apoio nas principais decisões de plantio.
Esta interação garantiu que os agricultores tivessem acesso a informações atualizadas sobre manejo sustentável, controle de pragas e uso eficiente dos recursos, fortalecendo a produtividade e a qualidade dos produtos locais, o que reforça o compromisso da Prefeitura em valorizar o trabalho no campo e promover o desenvolvimento rural de Valinhos.
“Essa será a primeira safra das nossas principais frutas sob a responsabilidade da Secretaria do Verde e da Agricultura. Sabemos o quanto esse período, que começa agora em novembro e vai até o fim de abril principalmente, é importante para o nosso agricultor. Os números reforçam nosso compromisso em apoiar o produtor rural e buscar soluções para seus desafios”, destacou André Reis, secretário do Verde e da Agricultura.
No entanto, o cultivo de figo e goiaba não representa somente cifras à cidade e aos produtores. As frutas carregam em si a tradição familiar, a luta do homem do campo e a cultura local, principalmente externadas na tradicional Festa do Figo e Expogoiaba – um importante canal de valorização da produção local, com fomento ainda ao turismo, aos eventos e à cultura regional.
Em 2026, a festividade chega à sua 75ª edição da Festa do Figo e à 30ª Expogoiaba, acontecendo de 16 de janeiro a 1º de fevereiro.
Nem o clima segura Valinhos
Mesmo com um ano marcado pela instabilidade climática em todo o país, os produtores de Valinhos conseguiram driblar o frio mais intenso e garantir uma safra em qualidade e volume.
O engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura Francisco Fabiano, o vereador Henrique Conti, adiantou que a safra de figo e goiaba teve um pequeno atraso em função do clima. “Este ano tivemos um inverno mais rigoroso e prolongado. Contudo, a safra não foi prejudicada”, assegurou ele.
Para o presidente do Sindicato Rural, o diretor de Agricultura da Secretaria do Verde, Pedro Pelegrini, com um inverno mais úmido, sem chuva e estiagem excessivas, a expectativa é um ciclo de excelente qualidade.
“Esperamos que as exportações sejam melhores que dos anos anteriores e com isso os preços do mercado interno se mantém, fazendo com que os agricultores tenham uma rentabilidade maior”, explicou a dinâmico do mercado financeiro.
Segundo ele, que também é produtor de goiaba, a Secretaria também fez um trabalho voltado para as regulamentações e implementação de novas feiras livres na cidade. “Desta forma, fez com que o produtor consiga vender diretamente ao consumidor. Isso traz possibilidade de maior renda aos produtores e produtos de excelente qualidade aos consumidores”, reforçou.
O presidente da Associação Agrícola de Valinhos, Daniel Juliato, também confirmou o bom desempenho da produção, garantindo que as frutas “estão doces e saborosas como sempre”. Ele lembrou ainda que a goiaba de mesa segue se despontando em classificação. “Valinhos é o 1º município do Estado de São Paulo em produção de goiaba de mesa. Outras regiões brasileiras também se destacam, mas voltadas à indústria”, especificou.
Exportando doçura
Os produtores já percebem uma mudança significativa no cenário com o avanço das exportações de frutas, que crescem ano após ano, reforçando a identidade de Valinhos no exterior.
Atualmente, o figo se destaca com 35% da safra destinada ao mercado externo, enquanto a goiaba também trilha esse caminho, alcançando até 7% das exportações. “A goiaba começa a ganhar mais expressividade”, observa o engenheiro agrônomo Henrique Conti.
Mas não é apenas o figo e a goiaba que estão conquistando paladares além das fronteiras. “Hoje, nós também exportamos a atemoia”, exemplifica Conti, destacando a diversificação e o fortalecimento do setor frutícola no mercado internacional.
A cidade conta com diversos produtores que vêm conquistando espaço no mercado internacional. Entre eles, destaca-se a tradicional família Lacarini, que há mais de 15 anos exporta frutas para os mercados canadense, europeu e árabe, além de manter presença constante no mercado interno.
A produção, sediada no bairro Recreio dos Cafezais, está em sua 4ª geração, somando mais de um século de dedicação ao cultivo de frutas. Atualmente, a família produz uvas, pêssegos e atemoias, além de concentrar grande parte de seus esforços na produção de figo.
“Produzimos cerca de 800 toneladas de figo por safra, das quais 60% são destinadas à exportação. Já as goiabas, nós apenas comercializamos — cerca de 150 toneladas por ano, também com uma margem semelhante à do figo para o mercado externo”, detalhou o produtor Matheus Lacarini.
Embora ainda considerado um produto exótico, o figo vem ganhando cada vez mais espaço no consumo cotidiano, o que tem elevado seu valor de mercado. Segundo Lacarini, o reconhecimento das frutas valinhenses é crescente fora do país. “A visibilidade do figo de Valinhos é excelente, tanto no Brasil quanto no exterior. Lá fora, o produto é conhecido e valorizado como o ‘figo de Valinhos’”, destacou.
Com base em um planejamento estratégico sólido, a empresa familiar já projeta novos passos. “Há espaço para novos produtos e mercados para expandir”, finalizou Lacarini.


