Economia
Haddad defende cortar financiamento do crime organizado no Brasil

Ministro da Fazenda alerta que combate só nas comunidades não basta; operação Fronteira apreendeu drogas, armas e mercadorias ilegais
Por Elaine Patricia Cruz
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta sexta-feira, dia 31, em São Paulo, que o combate ao crime organizado deve ir além das operações em comunidades e focar em asfixiar suas fontes de financiamento.
“Não adianta apenas o chão de fábrica. Precisamos chegar nos CEOs do crime organizado, que precisam pagar pelo que fazem. Caso contrário, o dinheiro volta a abastecer a criminalidade”, afirmou Haddad.
Durante a entrevista, o ministro pediu ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, que convença a bancada do PL a aprovar a lei do devedor contumaz, que endurece as regras para quem usa a inadimplência fiscal como estratégia de negócio. Haddad alertou que muitos desses devedores contumazes têm ligação com a criminalidade organizada.
“O devedor contumaz é um tipo de sonegador que mistura recursos ilícitos com atividades lícitas para lavar dinheiro, como postos de gasolina e motéis interditados em São Paulo”, explicou.
Para combater essas práticas, a Receita Federal publicou uma portaria obrigando fundos a divulgar os CPFs dos beneficiários. Segundo Haddad, a medida permitirá identificar laranjas, residentes ou não-residentes e aumentar o poder fiscalizador do governo.
A Operação Fronteira, iniciada em 22 de outubro, teve como alvo rotas de contrabando, tráfico de drogas, armas e animais. Nos últimos 15 dias, foram registradas:
27 prisões;
Mais de 3 toneladas de drogas apreendidas;
213 mil litros de bebida adulterada retirados de circulação;
Mais de mil armas apreendidas;
R$ 160 milhões em mercadorias ilegais confiscadas;
Apreensão de aeronave com mais de 500 smartphones de alto valor.
A operação envolveu 60 municípios em 20 estados e integrou órgãos como Exército, Marinha, Polícia Federal, Polícias Estaduais, Ibama, Anac, Anatel e Anvisa. Haddad destacou que todas as ações ocorreram sem mortes, demonstrando cooperação entre as instituições federativas.
“Você vai à comunidade pensando que combate o crime, mas os verdadeiros líderes estão em outro lugar, usufruindo da riqueza ilicitamente e aliciando jovens. Precisamos atuar em todas as camadas do crime”, concluiu o ministro.


