Brasil e Mundo

Faixa em telhado na Cidade de Deus pede paz e proteção às famílias

ONG Nóiz instala faixa com mensagem “Aqui tem sonhos, crianças e famílias” para alertar autoridades sobre riscos de operações com helicópteros

Por Alana Gandra – Agência Brasil

Considerada uma das regiões mais conflituosas do Rio de Janeiro, a Cidade de Deus ganhou um símbolo de resistência e apelo à vida. Dias antes da Operação Convenção, uma grande faixa foi colocada no telhado da ONG Nóiz com a mensagem: “Calma! Aqui tem sonhos, crianças e famílias.”

A ação busca alertar as autoridades sobre o perigo que moradores enfrentam durante incursões policiais com helicópteros. Segundo o presidente da ONG, André Melo, o local já foi atingido por tiros aéreos que chegaram a destruir uma caixa d’água.

“Sempre foi temeroso ser alvo de helicóptero. Decidimos colocar a faixa para chamar a atenção das autoridades e proteger quem está aqui todos os dias”, disse Melo.

A ONG Nóiz atende cerca de 250 crianças cadastradas e recebe 120 pessoas por dia. O espaço oferece oficinas de dança, teatro, jiu-jítsu, reforço escolar e alfabetização, além de biblioteca, lan house comunitária e apoio psicológico.

Aos sábados, o projeto realiza o Sábado do Acolhimento, com atividades lúdicas e um pré-vestibular social. Há também plantão com assistente social e acompanhamento a gestantes e mães.

Para André Melo, a faixa é um gesto simples, mas necessário diante da insegurança nas favelas. “Não sabemos se é eficaz, mas tudo o que chama atenção para proteger vidas é válido”, afirma.

Ele acredita que iniciativas de paz poderiam se espalhar por toda a cidade. “Mesmo uma faixa branca com a palavra PAZ já faria diferença”, diz o publicitário, que se tornou empreendedor social e dedica-se integralmente ao projeto desde 2018.

A ONG conta com 15 colaboradores e uma rede de voluntários. “Fazemos o que o Estado não faz: damos referências positivas para as crianças”, resume Melo.

“Enquanto a sociedade olhar para as comunidades como outro mundo, nada vai dar certo. É preciso ver as pessoas, os sonhos e as famílias que vivem aqui.”

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