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Cidades brasileiras correm risco de desabastecimento de água até 2050

© Tom/Pixabay
Regiões mais áridas podem ter restrições por 30 dias em um ano
Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil

O Brasil corre o risco de enfrentar escassez de água até 2050 caso não invista com urgência em gestão e eficiência hídrica. A projeção é do Instituto Trata Brasil, que divulgou nesta terça-feira, dia 28, o estudo Demanda Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas, em parceria com a consultoria Ex Ante.

Segundo o levantamento, o país pode sofrer racionamento médio de 12 dias por ano, o equivalente a uma restrição de 3,4% na disponibilidade hídrica. Em regiões mais secas do Nordeste e do Centro-Oeste, o desabastecimento pode ultrapassar 30 dias anuais.

Considerando um crescimento médio do PIB de 2,7% ao ano, a demanda por água tratada deve aumentar 59,3% até 2050, em comparação com 2023. O cenário é agravado pelas perdas na distribuição, que continuam elevadas em boa parte das cidades brasileiras.

Outro fator crítico é o aquecimento global. As projeções apontam que a temperatura máxima deve subir 1°C até 2050, enquanto a mínima aumentará 0,47°C. Além disso, o número de dias chuvosos tende a cair, com chuvas mais intensas e concentradas, o que reduz a recarga dos mananciais.

O aumento das temperaturas combinado à redução das chuvas deve ampliar o semiárido brasileiro e trazer risco de desertificação a novas áreas. “Os dados reforçam a tendência de aumento no consumo de água, impulsionado pela expansão urbana e pelo crescimento da economia”, afirma Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil.

Ela alerta que o país precisa priorizar o investimento imediato em eficiência hídrica. “A falta de planejamento e o desperdício na distribuição podem comprometer o abastecimento. É fundamental agir agora para preparar o país para os desafios climáticos das próximas décadas”, destaca.

Para evitar o desabastecimento, o estudo recomenda reduzir perdas, planejar novos sistemas de captação e modernizar a infraestrutura de saneamento. A priorização de políticas públicas e o uso racional dos recursos hídricos são essenciais para garantir segurança no abastecimento.

“Em áreas que já sofrem com a escassez, como partes do Nordeste e Centro-Oeste, a falta de água pode se prolongar por mais de 30 dias, com impactos severos na saúde e na qualidade de vida”, reforça Pretto.

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