Brasil e Mundo

Lula anuncia apoio ao acordo de neutralidade do Canal do Panamá

© Antonio Cruz/Agência Brasil
Presidente recebeu o presidente do Panamá, José Raúl Mulino
Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil

Nesta quinta-feira, dia 28, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, em Brasília. Durante o encontro, o governo brasileiro formalizou seu reconhecimento direto ao tratado sobre a neutralidade e operação do Canal do Panamá, um gesto que sinaliza o apoio total do Brasil à soberania panamenha sobre a via.

Em seu discurso, Lula foi enfático ao defender a autonomia dos países da região, fazendo uma clara referência às ameaças do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retomar o controle do Canal. De fato, Lula afirmou que “tentativas de restaurar antigas hegemonias” ameaçam a liberdade e autodeterminação dos povos latino-americanos. Ele também enfatizou que o Canal é administrado pelo Panamá com eficiência e respeito à neutralidade há mais de 25 anos, garantindo o trânsito seguro para navios de todas as nações.

O Canal do Panamá, aliás, é uma das rotas marítimas mais importantes do mundo. As obras, iniciadas pela França em 1880 e concluídas pelos Estados Unidos em 1904, reduziram drasticamente o tempo de viagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Posteriormente, o Panamá assumiu a administração total em 1999, conforme os Tratados Torrijos-Carter, que o Brasil, como membro da Organização dos Estados Americanos (OEA), sempre reconheceu.

Parcerias além do Canal

Além do mais, a visita de Mulino resultou em uma série de acordos de cooperação. O Ministério dos Portos e Aeroportos do Brasil e a Autoridade do Canal do Panamá assinaram um memorando de entendimento para otimizar as exportações brasileiras e modernizar a operação portuária no país. O documento prevê a troca de experiências e estudos sobre novas rotas marítimas mais sustentáveis.

Similarmente, os países firmaram um acordo para cooperação em desenvolvimento agrícola e pecuário, que abrange desde capacitação técnica até a produção sustentável. Inclusive, a Embraer anunciou um acordo de venda de quatro aeronaves A-29 Super Tucano para o Panamá. A Fiocruz também se comprometeu a ajudar a ampliar a capacidade panamenha de produção de vacinas.

Meio Ambiente em pauta

Enquanto isso, as questões ambientais dominaram parte das conversas. Mulino confirmou sua presença na COP30, em Belém, em novembro, e relatou o impacto devastador das migrações na Região de Darién, que sofrem com o desmatamento e o acúmulo de lixo. Ademais, ele destacou que o Panamá também enfrenta secas, o que afeta o abastecimento do próprio Canal.

Lula, por sua vez, solicitou que o Panamá se junte ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), um mecanismo financeiro que será lançado na COP30 para recompensar os países que preservam suas florestas. Afinal, o presidente brasileiro ressaltou que a elevação do nível do mar já causa impactos no território panamenho, um exemplo concreto da injustiça climática.

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