Opnião
A crueldade contra animais em foco
“É insano pensar que somente nós, seres humanos, temos o direito de viver plenamente neste planeta”
Casos recentes de violência contra animais em todo o Brasil, incluindo Valinhos, acendem um alerta e exigem uma reflexão urgente sobre nossa responsabilidade. Mais do que leis, é preciso um pacto de respeito e empatia com todas as formas de vida.
A semana que passou foi marcada por uma profunda indignação nacional. Um caso chocante de mutilação de um cavalo, que teve suas quatro patas cortadas por um indivíduo desprovido de humanidade, chocou e revoltou o país. A comoção, que se espalhou rapidamente pelos noticiários e redes sociais, revelou a urgência de uma discussão que, frequentemente, fica em segundo plano: a crueldade contra os animais.
Esse episódio insano, infelizmente, não é um fato isolado. Aqui mesmo em Valinhos, casos brutais de violência contra animais vêm sendo registrados. No Parque das Colinas, um gato foi atingido por um tiro no pescoço, sobrevivendo por pouco. No mesmo bairro, outro felino foi vítima de chumbinho, enquanto o desaparecimento de outros gatos levanta suspeitas de envenenamento. Tais atos de covardia nos lembram de uma triste realidade: a violência contra os animais é um problema que também afeta nossa cidade.
A Prefeitura de Valinhos, através do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal, mostra que o poder público está fazendo a sua parte. Em meio a essa onda de crueldade, foi lançado o “Agosto Caramelo”, uma iniciativa idealizada pela vereadora Mônica Morandi e promulgada pelo prefeito Franklin Duarte.
A campanha visa conscientizar a população sobre a posse responsável e o cuidado com os animais, especialmente no trânsito. A campanha é um passo fundamental para reduzir os atropelamentos, que vitimam muitos animais na cidade. Além disso, o Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal e a Guarda Civil Ambiental atuam no combate aos maus-tratos, mostrando um compromisso claro com a causa animal.
No entanto, a atuação do poder público, por mais eficaz que seja, não é suficiente. A população tem um papel crucial. É preciso que as denúncias de crimes de maus-tratos sejam feitas, para que os agressores sejam responsabilizados.
Afinal, a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) prevê punições severas, incluindo prisão, para quem comete esses atos hediondos.
Denunciar é um dever moral. Em Valinhos, os canais de denúncia estão disponíveis e precisam ser usados: 156 (Prefeitura), 153 (Guarda Civil Municipal) e 190 (Polícia Militar).
É insano pensar que somente nós, seres humanos, temos o direito de viver plenamente neste planeta. A história da humanidade está intrinsecamente ligada à vida animal; nossa própria sobrevivência e evolução foram moldadas por essa relação. Em tempos passados, animais silvestres eram capturados e submetidos a adestramento brutal para se tornarem atrações de circos e zoológicos. Hoje, embora essas práticas tenham diminuído, a exploração persiste em outras formas.
Devemos ampliar o debate para além dos pets. É crucial dar atenção aos animais silvestres, que são vítimas de tráfico, caça e atropelamentos. Da mesma forma, precisamos olhar com empatia para os animais criados para consumo. Porcos, bois e galinhas, muitas vezes criados em condições cruéis, são submetidos a uma vida curta e a um abate que, em alguns casos, é tão insano e violento quanto a mutilação de um cavalo. Felizmente, avanços são feitos, como a recente proibição de testes em animais pela indústria de cosméticos no Brasil, mas o caminho a percorrer ainda é longo.
Os casos de Valinhos e de outras partes do país são um reflexo de uma sociedade que ainda precisa evoluir em sua relação com os animais. É hora de reconhecer que eles têm o direito de habitar a Terra conosco e de serem tratados com dignidade.
É preciso que a compaixão e o respeito se tornem a regra, e não a exceção. A luta contra os maus-tratos é uma causa de todos nós. Por essa razão, não podemos nos calar. É um dever que nos foi dado.


