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Apesar da lei, quase 30% dos cuidadores usam castigos físicos em crianças

© Marcelo Camargo/Agência Brasil
Pesquisa aponta também desconhecimento sobre primeira infância
Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil
Mesmo com a proibição por lei, 29% dos cuidadores admitem usar palmadas e beliscões em crianças. A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com o Datafolha, realizou a pesquisa Panorama da Primeira Infância. O estudo revela que 13% dos cuidadores usam esses castigos sempre. Além disso, 17% deles acreditam que a violência é uma forma eficaz de disciplinar. No entanto, 12% agridem as crianças, mesmo sabendo que não é um método eficiente.

A Lei Menino Bernardo, ou Lei da Palmada, existe há mais de dez anos. Ela proíbe castigos físicos e encaminha agressores para cursos de orientação. A diretora-executiva da fundação, Mariana Luz, lamenta os resultados da pesquisa. Afinal, a violência física não resolve. Similarmente, ela destaca o senso comum de que “eu apanhei e sobrevivi”. A diretora reforça que a violência não funciona como disciplina.

A fundação cita os efeitos negativos do castigo físico. Agressividade, ansiedade e depressão são algumas das consequências. A pesquisa também mostra que 14% dos cuidadores gritam com as crianças. Em contrapartida, os métodos mais citados foram conversar (96%) e acalmar a criança (93%).

Curiosamente, a pesquisa revelou que a maioria da população desconhece a importância da primeira infância. Surpreendentemente, 84% dos entrevistados não sabem que essa fase é a mais importante do desenvolvimento humano. Apenas 2% souberam definir a primeira infância, que vai até os seis anos, segundo a legislação. Contudo, 41% acreditam que o desenvolvimento acontece na vida adulta.

Mariana Luz defende a conscientização. Ela menciona o economista James Heckman, que provou o retorno financeiro do investimento na primeira infância. Por fim, a pesquisa também aponta que o brincar é pouco valorizado. A sociedade prioriza o “respeito aos mais velhos” acima de outras ações. A diretora finaliza alertando sobre o tempo excessivo de tela das crianças.

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