Opnião

Férias exige atenção redobrada dos pais

A presença constante de um adulto é insubstituível, mas não substitui as medidas preventivas

As férias escolares chegaram e, com elas, a alegria do descanso para quase 12 mil alunos da Rede Municipal de Valinhos, sem contar os estudantes das redes particular, estadual e SESI. É um período de descontração, viagens e, para muitos, a oportunidade de as crianças passarem mais tempo em casa. No entanto, essa mudança na rotina exige dos pais e responsáveis uma atenção redobrada para a segurança de crianças e adolescentes. O lar, que deveria ser o porto seguro, pode se transformar em um palco de acidentes se as devidas precauções não forem tomadas.

Dados alarmantes, como os do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG) de Vitória, revelam que acidentes domésticos podem aumentar em até 30% durante o período de férias. Isso porque as crianças, naturalmente curiosas e em fase de descoberta, tendem a explorar o ambiente sem a plena capacidade de avaliar os riscos. A cozinha, por exemplo, é um dos locais mais perigosos, com riscos de queimaduras por panelas, fornos e ferros de passar. A falta de informação dos pais é um dos maiores entraves na prevenção, já que muitos acreditam que a casa é, por si só, o lugar mais seguro para os filhos.

Os acidentes domésticos variam conforme a faixa etária, mas os mais frequentes incluem quedas, mordeduras, queimaduras, ingestão de medicamentos ou produtos de limpeza e aspiração de corpos estranhos. As consequências podem ser graves, desde lesões sérias até sequelas neurológicas irreversíveis e, em casos extremos, podem ser fatais. Medidas simples, como o uso de protetores em tomadas, o armazenamento seguro de produtos químicos e medicamentos fora do alcance das crianças, e a supervisão constante, podem prevenir até 90% dessas ocorrências.

É crucial entender que a criança pequena não avalia riscos. Um objeto banal para um adulto pode ser um brinquedo atraente e perigoso para uma criança. Por isso, facas, tesouras e substâncias tóxicas devem ser mantidas em locais inacessíveis. Ambientes como a cozinha e a área de serviço, repletos de perigos como facas, substâncias de limpeza e risco de queimaduras, devem ser restritos às crianças pequenas. Fixadores de porta também são importantes para evitar esmagamentos.

Além dos perigos internos, algumas brincadeiras ao ar livre exigem cautela. Soltar pipas perto da rede elétrica, por exemplo, é uma prática extremamente arriscada que pode causar interrupções no fornecimento de energia, queimaduras graves, amputações e, até mesmo, a morte. Brincar em cima de lajes também é um convite a quedas com traumatismos sérios.

As intoxicações são outra preocupação constante. A curiosidade infantil leva as crianças a experimentar produtos com cheiros ou cores atraentes, como medicamentos, produtos de limpeza e inseticidas. Um perigo particular é o armazenamento de produtos como cloro em garrafas de refrigerante, o que leva ao consumo acidental.

O afogamento, por sua vez, não se restringe a grandes volumes de água, como piscinas, rios e mares. Crianças pequenas podem se afogar em apenas 2,5 cm de profundidade, em locais como banheiras, baldes e até vasos sanitários. A perda de consciência pode ocorrer em apenas dois minutos debaixo d’água.

Em caso de acidentes, é fundamental saber como agir. Para cortes e feridas, comprima o local com um pano limpo e eleve a área afetada. Em amputações, além de conter o sangramento, mantenha a parte amputada em um saco plástico dentro de um recipiente com gelo e água. Em casos de intoxicação, lave a área exposta com água abundante e retire a roupa. Se houver ingestão de medicamentos, a indução do vômito com água e detergente pode ser uma medida inicial, mas o encaminhamento rápido ao atendimento médico, levando o produto tóxico, é essencial. Para queimaduras, jamais use receitas caseiras; resfrie a área com água e procure ajuda médica imediatamente, sem remover roupas sintéticas coladas à pele ou romper bolhas. Mordeduras e arranhões de animais também requerem avaliação médica devido ao risco de infecções e doenças, como a raiva.

A presença constante de um adulto é insubstituível, mas não substitui as medidas preventivas.

Valinhos, com sua grande população infantil, precisa de uma conscientização contínua sobre a segurança doméstica. É responsabilidade de todos garantir que o período de férias seja de descanso e alegria, e não de sustos e tragédias evitáveis. Cuidar de nossas crianças é zelar pelo futuro.

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