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Ucrânia e Rússia anunciam ampla troca de prisioneiros após acordos em Istambul

Kiev e Moscou planejam a troca de 500 prisioneiros de cada lado neste fim de semana, com negociações avançando para a inclusão de civis e a recuperação de restos mortais, apesar das críticas de Zelensky às condições russas para um cessar-fogo

Ucrânia e Rússia se preparam para uma das maiores trocas de prisioneiros desde o início do conflito, com a previsão de que 500 detentos de cada lado sejam libertados já neste fim de semana. O anúncio foi feito pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nesta quarta-feira, 4 de junho, durante uma videoconferência de imprensa na sede da OTAN, em Bruxelas, onde se reuniram ministros da Defesa dos aliados de Kiev.

O acordo preliminar, alcançado em Istambul, na Turquia, na última segunda-feira, 2 de junho, previa inicialmente a libertação de prisioneiros feridos, gravemente doentes ou com menos de 25 anos.

“Hoje, as nossas equipas realizaram consultas sobre a troca acordada. O lado russo informou-nos que está pronto para transferir 500 pessoas neste fim de semana, no sábado ou domingo, das cerca de mil que acordámos trocar, pelo que estamos prontos para trocar a quantidade correspondente”, afirmou Zelensky.

O presidente ucraniano também mencionou a possibilidade de incluir jornalistas e outros civis ucranianos mantidos em cativeiro pelas autoridades russas nas próximas trocas. Além da troca de prisioneiros, ambos os lados concordaram em restituir os restos mortais de 6.000 soldados mortos de cada lado que estão em posse do inimigo.

Histórico de Trocas e Desafios nas Negociações de Paz

Esta não é a primeira vez que as partes se sentam à mesa para discutir trocas. Em 16 de maio, também em Istambul, Rússia e Ucrânia já haviam concordado em trocar mil prisioneiros de cada lado, a maior troca até então, que foi realizada em três fases dias depois. No encontro desta segunda-feira, a delegação ucraniana também entregou à parte russa uma lista com os nomes de centenas de crianças ucranianas que teriam sido deportadas por Moscou dos territórios ocupados na Ucrânia.

Apesar do avanço nas trocas de prisioneiros, Zelensky reiterou que as negociações de paz em Istambul, no formato atual, “não fazem sentido” e defendeu a necessidade de um nível mais elevado de diálogo. “Precisamos de um cessar-fogo. Precisamos de paz real (…), de segurança real, e recomendamos utilizar todos os métodos disponíveis para alcançar”, disse.

Condições Inaceitáveis e Críticas de Zelensky

O presidente ucraniano tem sido crítico quanto à composição da delegação russa nas duas rodadas de negociação, liderada por um conselheiro presidencial júnior, considerando-a “não adequada” para decidir sobre um cessar-fogo. “Continuar com reuniões diplomáticas em Istambul a um nível que não permite resolver alguma coisa não faz sentido”, afirmou.

Zelensky reiterou seu desejo de se encontrar com os presidentes russo, Vladimir Putin, e norte-americano, Donald Trump, com a presença do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, para avançar nas conversas de paz. “Estamos prontos para tal reunião a qualquer momento”, garantiu, acrescentando que “oferecerá um cessar-fogo aos russos antes de os líderes se encontrarem”.

No entanto, o líder ucraniano alertou que as condições apresentadas pela delegação russa para um cessar-fogo são “inaceitáveis”. Na reunião de segunda-feira, Moscou teria exigido a retirada das forças ucranianas das regiões anexadas pela Rússia, a não entrada de Kiev na OTAN e limitações no tamanho do exército da Ucrânia.

“Isto é um ultimato que o lado russo nos está a dar”, denunciou Zelensky, defendendo que a Rússia deve ser forçada a aceitar a diplomacia para pôr fim à guerra. Para o presidente ucraniano, Moscou estaria tentando ganhar tempo, enquanto o exército avança na linha da frente, e estaria mantendo negociações apenas para agradar a Donald Trump, que tem buscado a interrupção dos combates.

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