Economia
Especialista analisa o comportamento do câmbio no mês de abril e expectativas para maio

A projeção do Boletim Focus aponta um dólar de R$ 5,90 ao fina do ano, diz Lucas Tavares – Créditos: Divulgação
Por Lucas Tavares, especialista em câmbio na WIT Exchange
- Como você avalia o comportamento do câmbio ao longo de abril de 2025?
Mês contra mês. O dólar acumulou uma queda de 1,5% até o momento, mas foi um mês de forte volatilidade, com movimentos bruscos tanto de alta quanto de baixa. No início do mês, após anúncio das tarifas comerciais de Trump, o dólar chegou a atingir novamente o patamar de R$ 6,00 desde o fim de janeiro. Depois reverteu e voltou ao patamar de R$ 5,65. Esses movimentos refletem, principalmente, o clima de risco global: quando houve alívio externo, o real se valorizou, quando aumentou a aversão ao risco, o dólar voltou a subir.
- Quais foram os principais fatores internos e externos que influenciaram a cotação do dólar frente ao real neste período?
Como fator interno, podemos destacar novamente a inflação em alta, principalmente em itens como energia e alimentos. Incertezas sobre o regime fiscal seguem na pauta também e foram dados como alerta pelo próprio Copom, impactando o preço de ativos e a expectativa do mercado.
Como fator externo, a principal influência foi a guerra EUA x China. Os impactos das tarifas bilaterais geraram aversão ao risco e impactaram muito o câmbio. Na imposição das tarifas o dólar subiu, nos momentos de amenização do conflito o dólar recuou.
- Como o cenário internacional, como a política monetária dos EUA e a guerra comercial entre os EUA e a China, influenciou o câmbio brasileiro em abril?
Esse foi o assunto que dominou o mercado praticamente o mês todo. Já era esperado as tarifas de Trump, considerando que foi dito ainda em campanha, mas a reciprocidade da China foi imediata ao anunciar tarifas sobre produtos americanos, e a guerra tomou uma proporção que não esperávamos. O resultado foi o dólar voltar ao patamar de R$ 6,00 em 09/04. Já a política monetária dos EUA, o FED manteve os juros, como era esperado, o que gerou cobrança pública e crítica de Trump ao FED.
- Quais são as suas projeções para o dólar em maio? Que fatores devem ditar o comportamento da moeda nas próximas semanas?
Difícil prever em um cenário tão volátil. A projeção do Boletim Focus aponta um dólar de R$ 5,90 ao final do ano. No curto prazo, devemos ficar de olho nos próximos eventos importantes a serem divulgados:
Dados externos: reunião do Fed em 06 e 07 de maio, além de indicadores dos EUA (inflação PCE e PIB do 1º tri, divulgados em 30/04);
Dados domésticos: índices de inflação (IPCA-15 de abril, esperado para começo de maio) e atividade econômica (PIB do 1º tri do Brasil) influenciarão o câmbio e a política do BC.
- Como a inflação e juros no Brasil influenciaram o comportamento do câmbio em abril?
Internamente, inflação e juros têm papel crucial na cotação do real. Em abril, o IPCA-15 (prévia da inflação) desacelerou para 0,43% (o menor avanço mensal desde o início do ano), indicando que a inflação mensal estava cedendo após o pico de 0,64% em março. No entanto, o nível de preços ainda está elevado (cerca de 5,5% em 12 meses). Para conter a inflação, o Copom elevou a Selic a 14,25% em março (quinto aumento seguido). Juros altos tendem a atrair investimento estrangeiro – o que fortalece o real – enquanto inflação persistentemente alta exige novos aumentos de juros, mantendo o cenário volátil.
- A movimentação dos preços das commodities (como petróleo, minério de ferro e soja) impactou de alguma forma o câmbio em abril?
De modo geral, altas de commodities fortalecem o real. Do mesmo modo, quedas podem enfraquecer. Foi o que aconteceu no início do mês. Motivados pelo tarifaço de Trump, as commodities caíram com o risco de recessão global. Agora ao final do mês, principalmente, o petróleo voltou a se valorizar, e com isso também a valorização do real.
- Há expectativa de continuidade da volatilidade no câmbio? Quais eventos no Brasil e no mundo podem influenciar a moeda nos próximos meses?
Sim, é bem provável que esse cenário de alta volatilidade continue dada a combinação de incertezas políticas e econômicas internas e externas. No Brasil teremos a próxima reunião do Copom (20 a 22 de maio), já sinalizada para nova alta “em menor magnitude” da Selic. Além de divulgação de dados econômicos (IPCA final de abril, PIB do 1º tri, balança comercial) que orientarão a política monetária e o humor fiscal.
No exterior teremos a reunião do Fed (6 e 7 de maio) e indicadores americanos inflação PCE e PIB 1T, em 30/4. E o rumo da guerra comercial EUA x China, que a cada nova medida tarifária ou sinal de acordo manterá o mercado tenso.
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