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Entrevista Maria Eduarda

As dificuldades costumam aparecer de diferentes maneiras na vida das pessoas. As vezes é por uma doença, ou dificuldade financeira, até por problemas emocionais. O que chama atenção é de que maneira esses problemas são superados e como isso costuma mudar a vida das pessoas.
A Folha de Valinhos ouviu nesta edição um exemplo vivo de tudo isso, e em homenagem ao Dia Mundial da Juventude, comemorado na próxima quinta-feira, 30, a estudante Maria Eduarda de Oliveira da Silva, de 16 anos. Ela, que pretende fazer faculdade de Jornalismo no futuro, ministra palestras motivacionais em faculdades, colégios, grupos fechados, ONGs (Organizações Não Governamentais), igrejas, entre outros locais, com o objetivo de inspirar pessoas a realizar trabalhos voluntários e, acima de tudo, para motivar cada uma delas a enxergar a vida de forma diferente e muitas vezes mudar o dia de cada dessas pessoas com um sorriso, fazendo-as priorizar o amor, a dignidade e a alegria. E tudo isso usando a figura de uma inocente palhaça, chamada Paçoca.

Folha de Valinhos: Como surgiu a idéia de fazer palestras? O que te motivou a fazer isso?
Maria Eduarda
: Há quatro anos minha mãe foi diagnosticada com câncer. Meu mundo, o nosso mundo desabou. As quimioterapias e tratamentos fortes foram rapidamente iniciados. Em meio a tantas dificuldades físicas e emocionais, com a ajuda de voluntários, especialistas em humanização hospitalar e os meus professores de circo e teatro, pude descobrir em mim um anseio em ajudar o próximo. Pude descobrir em mim o dom do amor. Comecei a estudar sobre o trabalho voluntário, tendo como foco a humanização hospitalar, estudando, correndo atrás e descobrindo mais sobre esse mundo transformador. Consegui através de pequenas atitudes ajudar minha mãe que se encontrava em profunda depressão. Percebendo o quanto isso fazia bem para ela, iniciei trabalhos externos com a figura do palhaço, assim, surgindo a Palhaça Paçoca (minha personagem).

O trabalho como voluntária continuou depois da sua mãe se curar, correto?
Isso mesmo. Há aproximadamente nove meses tive a oportunidade de começar a ministrar essas palestras motivacionais em vários lugares. A idéia é fazer que as pessoas que assistem priorizem o amor, a dignidade e a alegria, lema da humanização hospitalar. Nesses mesmos aproximados nove meses minha mãe se curou, e junto dela criei o “Chapéu do Bem”, com o objetivo de arrecadar toucas, lenços para as mulheres com câncer do CAISM-Unicamp (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), hospital onde ela se tratou quando ficou doente. 

O que acha da juventude atualmente? Qual o papel dela no nosso País atualmente?
 Jovens, é o meu grande intuito alcançá-los, pois se neles estiver a semente assim há a esperança. Quando se fala de juventude costuma-se dizer sobre a fase do maior desenvolvimento com sua relação pessoal e interpessoal. Gosto de lembrar da frase do escritor Augusto Cury, que em seu livro Nunca Desista dos Seus Sonhos, diz: «Esqueceram que os sonhos trazem saúde para a emoção, equipam o frágil para ser forte, renovam as forças do ansioso, animam os deprimidos, transformam os inseguros em seres humanos de raro valor. Os sonhos fazem os tímidos terem golpes de ousadia e os derrotados serem construtores de oportunidades». Os jovens sonham constantemente e tornam isso muitas vezes um ato de persistência, e é isso que os move. O mal é quando entram no comodismo, sentem que o suficiente é a rotina que têm, assim deixando de sonhar, de acreditar que podem e conseguem muito mais do que podem enxergar hoje. Um momento como o Dia da Juventude é muito importante trazendo a cada um de nós uma reflexão sobre o que é viver na juventude. Se é apenas uma fase, ou muito além disso, ou um estado de criatividade, inovação, ansiedade, sonhos. Acredito que hoje já existem muitas propostas ótimas para um futuro melhor, pois sinto que cada vez mais os jovens estão conscientes. Continuando assim teremos um grande avanço.

E qual o papel da educação para o futuro? O que acha que pode ser feito para resolver os problemas educacionais do Brasil?
As propostas educacionais devem sempre se sobressair. A base do nosso País desde séculos atrás e ainda hoje é a educação. Infelizmente a educação hoje no Brasil está pouco valorizada. Deixo desde já o recado aos jovens que se atentem mais aos caminhos que estão trilhando, porém quero ressaltar algo que está cada vez mais perdido: o amor por ensinar, o amor por educar. Volto no assunto anterior deixando mais uma semente “jovens que sentem o amor por ensinar, corram atrás e sejam educadores que conhecem as piscadelas de seus educandos.”
Não podemos como jovens, ou até mesmo como pessoas dispostas a ter uma educação melhor, esperar isso dos poderes públicos, entretanto devemos começar por nós. Não posso de maneira nenhuma escrever ou dar propostas para um mundo melhor se não são todos que se encontrem dispostos a isso. Se eu estiver disposta, mesmo que seja em um curto espaço de tempo, eu consigo alcançar pessoas suficientes para que assim se inicie um ciclo de compartilhamento de ideias.

Quais são seus planos pessoais para o futuro?
Meus planos pessoais para o futuro é conseguir, através da escrita e da oralidade, alcançar pessoas. Como disse acima, não com um pensamento em mudar enormes situações e vidas, mas sim fazer com que a visão do mundo se torne ao menos distinta do que essas pessoas enxergavam antes. Penso que a informação é algo que sempre foi essencial na vida das pessoas. Por isso me apaixonei desde tão nova pelo Jornalismo. Espero encontrar oportunidades e caminhos suficientes para que esse objetivo seja alcançado. Desde já estou me aperfeiçoando e buscando formas de inovar. É isso que pretendo continuar fazendo.

Pode nos deixar uma mensagem para pessoas que estão passando por um momento pessoal difícil?
Deixo o recado para quem está passando por algum momento difícil: não deixe de sonhar, os sonhos são aqueles que nos motivam. Se pararmos de sonhar, internamente temos o risco de morrer. Procure em qualquer momento ruim torná-lo uma coisa boa para si ou para alguém. Quando você achar que está passando por um momento que não tem mais jeito e até mesmo pensar em desistir, se arrisque, faça o bem para alguém. Você perceberá que existem pessoas que não tem nada e nós, que temos tudo, estamos abatidos. E quando você fizer o bem pra alguém compreenderá que mais recebemos do que doamos. Será uma troca no qual quando começar, você não viverá mais sem.

 

Luiz Felipe Leite
Repórter

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